Sua experiência vivida é criada pela passagem de informações combinadas de seus sentidos por meio de uma camada de interpretação, que se baseia em suas experiências ou expectativas anteriores. Na neurociência, isso é chamado de processamento top down.  A hipnose permite que você aproveite o poder da sua mente para mudar a maneira como você pensa e vivencia o mundo ao seu redor. 

Hipnotizabilidade é nossa capacidade individual de experimentar mudanças fisiológicas, sensoriais, comportamentais, cognitivas e emocionais em resposta a sugestões dadas durante a hipnose. 
Existem vários testes clinicamente validados para avaliar a hipnotizabilidade de alguém e que são usados por profissionais certificados em hipnose em clínicas no mundo todo. Alguns dos mais comuns são:
A Escala de Grupo de Harvard para Suscetibilidade Hipnótica (HGSHS; para grupos)
A Escala de Suscetibilidade Hipnótica de Stanford (SHSS; para indivíduos)
A Escala de Hipnotizabilidade de Elkins (EHS) desenvolvida pelo Dr, Gary Elkins
O Perfil de Indução Hipnótica (HIP) — desenvolvido pelo Dr. David Spiegel e seu falecido pai, Dr. Herbert Spiegel.

Para entender como a hipnose funciona no cérebro, primeiro precisamos entender o que são as redes cerebrais. Você deve ter ouvido falar sobre “regiões” ou “estruturas” cerebrais. As visões modernas sobre a atividade cerebral explicam que estas estruturas cerebrais não funcionam sozinhas, elas criam a riqueza das capacidades cerebrais através do compartilhamento de informações com outras estruturas cerebrais. Quando diferentes regiões partilham informações, dizemos que estão “funcionalmente conectadas”. Se um grupo de regiões cerebrais trabalha consistentemente em conjunto sempre que usamos uma habilidade cerebral, elas são chamadas de “rede”. Existem muitas redes no cérebro, mas três estão particularmente relacionadas à hipnose:

A Rede de Saliência (RS)
A RS é responsável por monitorar as informações que o cérebro recebe e decidir quão importante elas são. Devido ao seu papel crucial no controle da atenção, A RS participa de vários comportamentos e funções cognitivas e também nos permite estar conscientes de nossas emoções, pensamentos e corpos. É representada principalmente por duas regiões cerebrais, o córtex cingulado anterior (ACC) e a ínsula.

A Rede de Controle Executivo (RCE)
A RCE gerencia as habilidades cognitivas mais complexas, frequentemente chamadas de “funções executivas”. Essas funções envolvem resolução de problemas, raciocínio, memória de trabalho e manter a atenção concentrada ao longo do tempo. Para fazer isso, a RCE utiliza várias regiões do cérebro, sendo o córtex pré-frontal dorsolateral um dos seus principais atores.

A Rede de Modo Padrão (RMP)
É mais ativa quando nossos cérebros não estão focados no aqui e agora (por exemplo, quando pensamos sobre o passado ou o futuro, ou refletimos sobre nós mesmos). Por causa disso, a RMP fica menos ativa quando a RCE e a RS estão engajadas (quando a atenção é direcionada para coisas que estão acontecendo no momento). Várias regiões cerebrais desempenham um papel na RMP; mais as relevantes para a hipnose são o córtex cingulado posterior e o córtex pré-frontal medial.

Em resumo, na hipnose você se concentra em promover a mudança que deseja em sua vida à medida que sua atividade cerebral muda. A maneira como a atividade cerebral muda depende do que você está tentando realizar com a hipnose. Em geral, o cérebro diminui o monitoramento e o gerenciamento das informações provenientes dos sentidos, reduz a divagação mental e altera suas estratégias de raciocínio e planejamento para se adequar às sugestões hipnóticas dadas durante a sessão de hipnose.

Quando alterações específicas no DNA parecem repetir-se com frequência suficiente entre as pessoas, chamamos-lhes “polimorfismos”. Nossa hipnotizabilidade está relacionada a polimorfismos em diversos genes. Nossa suscetibilidade às sugestões hipnóticas também está relacionada a polimorfismos no gene do receptor de oxitocina. A oxitocina é um hormônio que facilita o vínculo social e é frequentemente chamada de “hormônio do amor”.

A hipnose pode funcionar melhor em indivíduos com níveis mais elevados de oxitocina, devido à sua experiência de redução da ansiedade social, aumento da confiança e maior capacidade de responder a sinais sociais. Isso se deve à natureza da hipnose, sendo algo que fazemos com a ajuda de um hipnoterapeuta clínico. Ser capaz de confiar e responder às suas sugestões é um elemento chave para alcançar as mudanças desejadas.

Nossos genes podem nos ajudar a nos beneficiar mais da hipnose, mas você sabia que a própria hipnose pode impactar a forma como nossos genes são expressos sem diferenças de DNA? Evidências preliminares descobriram que a hipnose está associada a expressões genéticas relacionadas à redução da inflamação e do estresse celular e ao apoio a respostas imunológicas saudáveis e ao crescimento de células-tronco.

Isto significa que podemos aproveitar os poderes da nossa mente com a hipnose para alterar a nossa expressão genética e,
ao fazê-lo, promover a nossa própria saúde.A hipnose também pode nos permitir melhorar nossa capacidade de aprender. Neuroplasticidade é a capacidade do nosso sistema nervoso de se ajustar estruturalmente (criando novas conexões entre neurônios) e funcionalmente (alterando o funcionamento dos neurônios existentes) em resposta à experiência.

Vários estudos recentes apresentam fortes argumentos de que a hipnose resulta em maior neuroplasticidade. Curiosamente, alguns pesquisadores pensam que a capacidade da hipnose de alterar a expressão genética contribui para a sua capacidade de desencadear a neuroplasticidade. Eles presumem que isso produz um ciclo de feedback positivo.

Embora a ciência da hipnose e da genética ainda seja jovem, vários genes têm sido associados à hipnotizabilidade. Embora isto seja interessante, a nossa genética afecta apenas uma parte da nossa capacidade de responder às sugestões hipnóticas.